24 de janeiro de 2012

do meu trabalho, profissão, vocação, o que for

há quem, por gosto de me ver iriçada, ou em me provocar, ou simplesmente menosprezar, diz que tomo conta de crianças, e que não faço nada.

durante algum tempo irritava de verdade, porque é a mais pura das mentiras. tal como qualquer professor, ou não, uma educadora de infância, tem de fazer avalições semestrais, elaborar um plano de desenvolvimento individual e avaliações dos mesmos pelo menos duas vezes no ano lectivo, elaborar um projecto pedagógico ou curricular, consoante a valência em que está a trabalhar, um portfólio individual com registos significativos, registos fotográficos, tudo devidamente documentado e justificado. e além desta papelada toda, ainda temos de planificar as actividades, fazer avaliação das mesmas, reunir com pais, dar comida, mudar fraldas, adormecer, dar e receber muitos miminhos.

não me estou a queixar, só a dizer que não seria tão orgulhosa do meu trabalho se apenas tomasse conta de crianças. irrito-me bastante, tenho dias que não apetece sair da cama, fico chateada com tantas exigências da entidade patronal, quando não nos dão tempo para as realizarmos, e metade do trabalho tem de ser feito em horário pós laboral, em casa. apetece mandar tudo para as urtigas porque não sou remunerada como devia (tenho de ir fazer um pressing sem que me mandem bugiar). mas tenho trabalho, a profissão que escolhi. nunca percebi se por vocação, mas muito pela variedade inevitavél que esta profissão nos oferece. cada criança é um ser que nos dá tanto. não sei o que a vida me reserva, e também por experiência enquanto estava desempregada, não gostava de repetir um trabalho só de escritório, por exemplo. todos os dias a mesma coisa, todos os dias , todos os dias.

um filho, é o maior tesouro de um pai e de uma mãe, por isso eu tenho uma das profissões mais valiosas, "tomo conta de grandes tesouros", qual sr doutor empresário, bancário, e outros que tais (com o devido respeito e mérito que cada um deve ter pelas suas funções).

*e há dias que para além de "tomar conta das crianças", tenho de tomar conta dos pais, e dar um puxão de orelhas, porque cada vez mais é urgente educar pais.

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