16 de junho de 2013

alzheimer

existem pessoas que simplesmente fazem parte de nós. ontem visitei uma pessoa. amigo da família, do meu avô, confidente da minha mãe. esteve presente no enlace dos meus pais, no meu baptizado, no momento do divórcio dos meus pais foi directo acatando ser o melhor a fazer, durante o meu crescimento foi estando presente. uma relação de respeito e admiração, contra o julgamento de todos perante a sua frontalidade e presença. passou a ser o meu 'patrão', e a relação ainda se aproximou mais, com a sua idade a aumentar, como que um avô, o carinho presente, a troca de provocações e brincadeiras quase sempre só à hora de almoço. 
começaram a surgir alguns comportamentos inadequados para várias pessoas, o esquecimento, as trocas, o diagnóstico: alzheimer. acabou por ser 'levado' para um lar de 3ª idade faz um ano. não consegui enfrentar, nunca o fui visitar. ontem fui. esteve perto, e não deixei passar a oportunidade. 

estás tão linda! estás mesmo linda! olha que tu não te deixes enfeiar. quando é que te casas?- qualquer dia. então e o alma d'eus? (não existe, mas nem adianta explicar isso)... passados dois minutos: então e quando é que te casas, e a mesma resposta, e o mesmo rol de respostas, e foi assim umas cinco vezes. 

olha ainda bem que tiraste esse pendirocalho, parecias uma porca! (relativo ao meu piercing no nariz, que desde que o fiz há uns 11 sempre brincou comigo, e tentava enfiar o dedo na narina, e dizia que parecia uma vaca, mas sempre para me chatear, e quando o tirei foi dos primeiros a quem mostrei). fiquei feliz d'ele se lembrar disso.

apesar do 'esquecimento' e repetições, fiquei mais quentinha por dentro por saber que ele está bem, e que se lembrou de mim, mesmo que hoje provavelmente já não se lembre que ontem estive com ele... o meu querido pe j.

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